terça-feira, 13 de novembro de 2007

Duas canções, três pessoas, um só sentimento

Nota da autora: As partes em itálico podem ser resumidas como pensamentos dos personagens, canções originais e spoilers da Saga de Hades ou de outra, ainda não sei o que vou colocar. Leiam e sintam-se livres para expressar sua opinião (isso ficou parecendo um tipo de oração, mas, que seja). Obrigada.

Pandora cantarolava uma melodia triste enquanto levava Ikki ao Muro das Lamentações, Ikki ficava observando-a muito, ela parecia estar focada em apenas uma coisa, Ikki perguntou:

- Costuma cantarolar sempre que leva alguém nos caminhos do Inferno?

- Mentalmente sim, senti que tinha esta liberdade com você agora...

- Se quiser cantar também, eu não me importo, sua voz me faz esquecer um pouco da realidade.

- Mesmo?!

- Sim.

Ikki percebeu que Pandora permaneceu com seu olhar frio (característica aparente de quem vive no Inferno). Pandora respirou fundo, fechou seus olhos e começou a cantar:

“It’s true, we’re all a little insane
but is so clear
now that I’m unchained

fear is only in our minds
taking over all the time
fear is only in our minds but its taking all the
time

you poor sweet innocent thing
dry your eyes and testify
you know you live to break me – don’t deny
sweet sacrifice”

Ikki se viu obrigado a interrompê-la naquele momento:

- Desculpe-me interrompe-la, mas, a música que está cantando agora...

- O que é que tem?

- Por um instante, eu achei que, não importa, continue a cantar.

Enquanto ela respirava fundo, Ikki se viu um tanto perdido em seus pensamentos...

“Essa música revela uma alma perturbada e triste, será esse o reflexo da irmã de Hades na época atual?! Será que Pandora nunca gostou de fazer o que o destino lhe foi dito?!”

“One day I’m gonna forget your name
and one sweet day, you’re gonna drown in my lost pain

fear is only in your minds
taking over all the time
fear is only in your minds but its taking over all the
time

you poor sweet innocent thing
dry your eyes and testify
and oh you love to hate me don’t you, honey?
I’m your sacrifice.”

Em certos momentos da canção, a palavra “sacrifice” levou a mente de Ikki a certo momento de seu passado, a perda que mais lhe afetou a adolescência, seu maior e mais verdadeiro amor que ia tomando forma naquela pessoa que lhe cantava neste momento, tanto foi que Ikki perguntou alto demais e de olhos fechados:

- Esmeralda?!

Pandora não compreendeu direito o que aconteceu naquele momento, mas, Ikki estava bem perto dela (a ponto de fazê-la corar aquele rosto pálido), quando ela falou foi como vê-lo acordar de um lindo sonho:

- Do que você me chamou, Ikki?!

- Desculpe, essa música, ela me fez lembrar de alguém e com você cantando agora, foi quase como vê-la, quase como tê-la e...

- Não deixe que essa falta enlouqueça-o.

- Não é loucura, e sim, o modo como ela foi morta pelas mãos do próprio pai adotivo.

- Conte-me essa história, ainda temos bastante chão até o Muro das Lamentações.

Ikki contou a Pandora desde o momento em que trocara de lugar de treinamento com o seu irmão e fora treinar na Ilha da Rainha da Morte e como conhecera Esmeralda, uma história de superação e amor mostrada apenas em flashes no início da primeira saga dos Cavaleiros do Zodíaco, ao fim de toda a história, Ikki piscou seus olhos para secar suas lágrimas antes que aparecessem, Pandora comentou:

- Esse cara deveria ser louco para matar a própria filha.

- Ela lhe custou apenas três sacos de farinha, maldito seja, Guilty.

- Esse era o nome do pai adotivo dela?

- Exatamente. Ela deixou de viver aos 13 anos e eu derrotei o maldito para ser digno da armadura de fênix, foi aí que acabou o duro treinamento naquele local.

- Queria ter o poder de fazê-la reviver para você e...

- Continue a cantar, essa música me lembra muito ela e, não, melhor ainda, me conte sobre você.

- Por quê?!

- O modo como você canta, parece ter algo a ver com você também, conte-me sua história...

- Não sei se posso, em uma situação dessas...

- Tente.

Pandora respirou fundo, agora que tinha toda a atenção dele em si não poderia gaguejar, começou a falar, tal qual a realidade tinha lhe mostrado há alguns anos atrás...

- Eu, Pandora, nasci e cresci no Castelo Heinstein, perto de um lago e muita vegetação... Naquela época, minha família, os Heinstein, vivia em plena alegria e serenidade... Meu pai era um bom homem, e minha mãe, uma linda mulher, ela estava esperando outro filho...

Ikki pôde ver uma lágrima escorrer pelo rosto de Pandora, teve o impulso de afagar-lhe o rosto, confortar-lhe, tentar mostrar-lhe uma outra realidade, porém, segurou o impulso apenas para si e deixou que ela continuasse a história de sua vida:

- Cercada por incontáveis criados, nada me faltava. Mas, um dia... Sem querer, eu despertei o mal. Era uma velha casa, no ponto mais distante de jardim. Diziam que aquelas portas não se abriam há mais de 200 anos... Naquele dia, o pesado cadeado foi aberto por uma força invisível.Entrei na casa... Como que atraída por uma força maligna. Lá dentro só tinha uma caixa. Em cima dela, estava escrita a palavra “ATENA”... Assim que eu abri aquela caixa, sem pensar duas vezes. Tânatos e Hypnos foram libertados e me disseram que o espírito de Hades fora libertado e que iria ressuscitar no corpo de meu irmão, eu seria a responsável por comandar os 108 espectros, os dois me prometeram vida eterna. Logo que minha mãe deu a luz, todos os seres vivos que moravam no Castelo começaram a morrer inexplicavelmente.Tudo que estava ao redor do castelo começou a morrer assim como todos que se aproximassem, Hades demarcara seu território. Eu enxergava tudo em cinza. Mas quando vocês chegaram no inferno, eu me lembrei de tudo. Eu lembro que o céu é azul, a grama é verde... e o sangue, bem vermelho. Foi como se eu acabasse de ver o mundo com outros olhos, olhos reais...

Ikki assentiu com a cabeça e ao mesmo tempo, com o seu coração, os sentimentos de Pandora eram os mesmos pelos quais ele e Esmeralda passaram nas mãos de Guilty. Novamente, o rosto de Pandora apareceu-lhe como o de Esmeralda, ele precisou fechar os olhos durante um momento e respirar, aqueles sentimentos estavam confundindo sua cabeça, suas lembranças... continuou escutando tudo o que Pandora contava-lhe:

- Fizeram com que eu e os espectros acreditássemos que o reino de Hades sobre a terra transformaria o mundo em um paraíso, e que todos os seus habitantes ganhariam a vida eterna.

Não demorou a vir o choro interminável, Pandora perdeu a força de suas pernas e ajoelhou-se no chão, continuou a dizer:

- Mas eu me pergunto se tudo aquilo não passou de uma miragem... Porque é provável que toda vida no universo vá desaparecer... como a minha família.

Ikki e Pandora já estavam próximos ao muro das lamentações que estava danificado e dava para atravessá-lo, graças aos últimos esforços de todos os lendários cavaleiros de ouro para ajudar Seiya e os outros que haviam passado por lá momentos antes. Ikki viu Pandora retirar um colar de seu pescoço e prendê-lo no pulso dele enquanto dizia:

- Leve isto aqui, e você poderá ir a qualquer lugar no mundo das trevas... Até mesmo na outra dimensão... É o único privilégio que recebi de Sua Majestade.

Ikki estava de costas para Pandora quando perguntou:

- E você? O que vai te acontecer sem esse amuleto?

- Pode-se dizer que eu traí Hades... Hypnos e Tânatos não me deixarão em paz.

Ikki virou-se para vê-la, seu sangue molhava o chão, sua respiração falhava e a imagem de Esmeralda morta, tomou forma no corpo daquela mulher naquele momento durante um tempo, ela estava com o terço de Shaka, onde faltavam apenas seis contos brancos. Ikki perguntou assustado com aquela situação:

- Pandora?! O que aconteceu?!

- Não se preocupe comigo... Vá logo... Aos Campos Elíseos! Mas... Não esqueça uma coisa... Os Cavaleiros do Zodíaco não devem cantar vitória só porque derrotaram os 108 espectros. Afinal, os mais terríveis são... Hypnos e Tânatos!

A respiração de Pandora ia falhando cada vez mais, ela continuou a falar:

- Em comparação a eles, até mesmo os três senhores das trevas não passam de crianças... Apesar de poderosos, eles nem de longe chegam aos pés dos dois. Mesmo que Hypnos e Tânatos estejam longe, matar não é problema para eles. Assim... Como os dois acabam de demonstrar... Neste instante.

A expressão de Ikki passou de preocupada para desesperada em segundos, segundos que pareciam horas demoradas para o tempo de vida que Pandora ainda conseguia ter:

- Não! É impossível! Levante Pandora! Eu vou te ajudar!

Nesse meio tempo, apareceram os espectros que restavam nas contas do terço de Shaka de Virgem, assim que eles foram derrotados por Ikki, todas as pedras escureceram inclusive aquela que representava a vida de Pandora ia escurecendo rapidamente, Ikki ajoelhou-se sobre ela e conseguiu escutar as últimas palavras de Pandora...

“I dream in darkness
I sleep to die
erase the silence
erase my life
our burning ashes
blacken the day
a world of nothingness
blow me away”

O resto da música ficou soando no vazio dos pensamentos de Ikki, seus lábios estavam próximos demais dos lábios dela, sua respiração também falhara quando ele deu em Pandora um primeiro e único beijo, um último suspiro bom do resto de sua vida e dela, com uma promessa valiosa coberta de lágrimas:

- Agora eu entendi, Pandora. Vou carregar comigo a sua tristeza e reduzir a pó os sonhos destrutivos de Hades!

No caminho, Ikki comparou as duas, Esmeralda e Pandora, as duas já viram o inferno em vida assim como ele mesmo o fizera durante tantas vezes ao morrer e renascer como a fênix fazia tantas vezes na mitologia. Em seu árduo caminho para uma longa batalha contra o corpo de seu irmão e a alma de Hades, Ikki cantava consigo mesmo, aumentando a voz de forma considerável em momentos em que o seu coração clamava por aquela que havia aprendido a amar apenas no Inferno...

“In this farewell
There’s no blood
There’s no alibi
‘Cause I’ve drawn regress
From the truth
Of a thousand lies
So let mercy come
And wash away

What I’ve done
I face myself
To cross out what I’ve become
Erase myself
And let go of what I’ve done

Put to rest
What you thought of me
While I clean this slate
With the hands
Of uncertainty
So let mercy come
And wash away

What I’ve done
I face myself
To cross out what I’ve become
Erase myself
And let go of what I’ve done

For what I’ve done
I’ll start again
And whatever thing may come
Today this ends
I’m forgiving what I’ve done

I’ll face myself
To cross out what I’ve become
Erase myself
And let go of what I’ve done

What I’ve done

Forgiving what I’ve done”

E, pensando nesta vez em Pandora, Ikki sussurrou ao vento uma mensagem para ela:

- Durma tranqüila, Pandora...

Fim?! Deste triste casal (ou trio) sim,
Mas, não é o fim desta batalha
E a luta contra Hades e a liberdade do corpo de Shun
Ficará mais claro no coração de Ikki
Pela triste despedida de Pandora
Junto com a lembrança do beijo
Que jamais se apagará...

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