Mutano estava chateado, não compreendia os motivos pelos quais Ravena não falava mais com ele e em todas as batalhas em que precisavam lutar juntos ela o ignorava, o salvava se fosse preciso, mas nem ficava para ouvir os agradecimentos... Quando voltaram para casa, Ravena foi direto para o seu quarto e Mutano ficou na sala junto com todos os que restaram, ele estava perto de Ciborgue que murmurou para ele:
- Quer saber o que a Ravena quer de você?
- Eu só quero saber por que ela não fala mais comigo!
- Elementar, meu caro Watson! Siga-me até o meu escritório!
- Watson?! Quem é ele?! E quem disse que você tem escritório?!
- Siga-me e cale a boca!
- Tá bom!
E Ciborgue o levou até o seu quarto, estranhando tudo, Mutano perguntou:
- Não sabia que o seu quarto tinha um novo nome!
- Cala a boca e me escuta!
- Tudo bem! O que é que você quer me dizer?!
- Quero lhe propor algo...
- Se for algo que inclua você no cardápio, eu tô fora!
- Claro que não, seu bundão! É sobre a Ravena...
- Ravena?!
E depois deste instante, Mutano fechou os olhos e ficou imaginando Ravena por um longo momento... Depois de quinze minutos, viu-se ser sacudido por Ciborgue:
- Acorda! Acorda!
- Hein?! O quê?!
- Tu chupa o dedo?!
E lá estava Mutano, com o dedão na boca... Tirou o dedo da boca e respondeu:
- Eu só chupo o dedo quando estou pensando na Ravena e...
- Então isso deve acontecer contigo sempre!
- Cala a boca, Cib! Diga logo o que quer dizer!
Ciborgue pensou um pouco e fazendo cara de Sherlock Holmes, começou a responder:
- Convide-a para jantar fora junto com você...
- Hã?!
- Isso! E quando voltarem e que ela já estiver mais a vontade com você, solte a fera que existe dentro de você!
- Soltar a fera que existe dentro de mim?! Tem certeza de que é seguro?!
- Claro que sim!
- Tudo bem! Farei isso!
- Faça e se sentirá bem melhor com relação a ela!
Mutano saiu do quarto de Ciborgue e viu que Ravena não estava lá, decidiu ir ao quarto dela e a viu virada para a janela, a galinha gigante que ele havia ganhado para ela no parque de diversões estava sobre a estante lotada de livros que ela tinha, Ravena continuou de costas para ele enquanto perguntou:
- Não aprendeu a bater na porta antes de entrar?!
- Não venha com sermões para cima de mim agora, Ravena! Quero lhe propor algo...
- E o que seria?!
- Convida-la para jantar fora comigo esta noite... Aceita?!
- Eu... Eu...
- Qual é a resposta?!
- Tudo bem! A que horas?!
Mutano quase engasgou ao responder:
- Às 19 hrs.
- Tudo bem então, não venha me perturbar até esta hora!
- Claro!
E Ravena voltou a olhar para a janela, assim que Mutano saiu, Ciborgue perguntou baixinho:
- E aí?! Rolou?!
- Eu... Eu... Acho que sim!
Respondeu baixinho para que Ravena não desconfiasse de nada e depois disso foi para o seu quarto, esperar pela noite que podia ser a mais longa de toda a sua vida, só restavam mais três horas para o jantar que ele havia combinado com Ravena...
- É agora ou nunca, Mutano! Então, vê se não dá vexame na hora!
Era o que Mutano repetia para si mesmo a todo o momento enquanto deitava-se em sua cama para relaxar um pouco...
Chegando à hora, Mutano levantou do mesmo modo que estava, passou um perfume, colocou gel brilhante no cabelo e foi bater à porta do quarto de Ravena, ela abriu a porta, estava maravilhosa aos olhos de Mutano, estava com a mesma roupa que usava sempre assim como ele estava já ia colocar o dedão na boca quando Ravena perguntou:
- Tu chupa o dedo?!
- Eu... Não! Eu só queria dizer que você está linda!
- Ah, e você está o mesmo traste de sempre, podemos ir?!
- Claro! Claro!
E quando os dois saíram, Robin perguntou:
- O que é que está acontecendo aqui?!
- A Ravena topou ir jantar com o Mutano!
- Isso eu sei, mas, por quê?!
- Parece que a minha atuação como Sherlock Holmes deu um empurrãozinho nele!
- Ciborgue, você não tem jeito mesmo! E se acontecer algo errado?!
- E o que poderia acontecer?! Ele até chega ao ponto de chupar o dedão por ela!
- Chupar o quê?!
- Esqueça! Talvez seja muita informação para muito pouco tempo...
Na rua, Mutano fazia de tudo para fazer Ravena sentir-se bem ao lado dele:
- E então, Raveninha?! Aonde quer jantar?!
- Achei que me prepararia uma surpresa...
- Ah, então eu já sei aonde ir!
- Por favor, que não seja nenhum restaurante vegetariano!
- E não é! Venha comigo!
E pegou na mão dela... Tal ousadia da parte dele a fez ficar mais vermelha que um pimentão, mesmo gostando dele não se sentia preparada para começar a gostar dele de verdade...
Foram até um restaurante de sopas, pelo menos ali, Mutano poderia escolher algo para ele e Ravena poderia ficar a vontade para escolher o que quisesse para ela... Sentaram-se numa mesa e pegaram o cardápio, Mutano não demorou muito para escolher:
- Me traga uma sopa de cenoura e tofu, por favor!
- Sim senhor! E para a senhorita?
- Me traga o mesmo!
- E para beber?
- Nada no momento, obrigado!
Depois de falar isso, Mutano olhou para Ravena surpreso e perguntou:
- Bateu com a cabeça?! Você mesma disse para eu respeita-la por não comer carne de mentira...
- Resolvi experimentar hoje!
- Então tá! Vou me submeter ao teste com o seu chá-de-ervas ao amanhecer...
- Se não quiser, eu entendo!
- Esqueça tudo no momento, Ravena!
Os dois calaram-se quando as sopas foram postas à mesa... Ao terminarem de tomar a sopa e o garçom veio retirar os pratos, Mutano pediu:
- Traga-nos uma garrafa do melhor vinho da casa!
- Vinho?! Mas, isso não combina em nada com sopa!
- Confie em mim!
Ravena estava desconfiada, aquele jantar não estava sendo apenas um encontro entre amigos e ela não sabia onde iria acabar apesar de a resposta estar sendo muito clara... Ravena sentiu a cabeça doer um pouco após tomar a última taça de vinho, Mutano perguntou:
- Está passando bem, Ravena?!
- Eu tô legal! Quero voltar para casa agora!
Mutano pagou a conta e foi caminhando devagar junto com Ravena (que estava meio dopada), quando ela quase caiu no chão, Mutano a carregou no colo até a Torre Titã...
Chegando lá e vendo que não tinha ninguém acordado, Mutano a levou até o quarto dela e a deitou na cama, aproximou sua cabeça da dela e perguntou:
- Tudo bem agora? Eu vou pro meu quarto e...
- Não... Não agora! Fique comigo!
- Hã?!
- Durma comigo! Fique comigo!
- Tem certeza de que está passando bem?!
Ravena respondeu com um beijo, Mutano assustou-se com a ousadia dela, mas tentou acariciar-lhe o corpo, Ravena interrompeu o beijo e disse:
- Não se atreva!
- Tudo bem, meu anjo! Iremos aos poucos!
Mutano começou a beijá-la lentamente e ouviu a voz de Ciborgue repetir na sua cabeça...
“Liberte a sua fera, Mutano! Liberte a sua fera agora!”
Mutano ficou pensando consigo mesmo...
“Espere um pouco, Cib! Ainda preciso escolher a minha fera interior!”
E adormeceram abraçados durante um bom tempo depois...
Antes de amanhecer, Mutano pensou consigo mesmo:
“É agora!”
Ravena acordou se sentindo estranha e com uma dor de cabeça insuportável:
- O que aconteceu?! Mas, o que é isso?!
Ao abrir os olhos e sentir uma pata peluda em cima dela, Ravena deu um grito tão estridente que aquele que estava na cama dela caiu, ela puxou o lençol para envolver o corpo dela que estava apenas com calcinha e sutiã, Ciborgue abriu a porta e perguntou:
- O que aconteceu aqui?! Como andam as coisas, Mutano?!
- Mutano?!
Ravena olhou de novo para o chão e viu Mutano de calção, Ciborgue balançou a cabeça de um lado para o outro e disse:
- Meu caro Watson, você levou todos os meus conselhos ao pé-da-letra!
- Ciborgue! Você mandou esse nojento me chamar para jantar?!
- Eu apenas o aconselhei e ele aceitou a culpa não foi minha!
- Saia do meu quarto agora, Ciborgue!
- Só mais uma coisa...
E dando um olhar muito sugestivo para os seios dela, ele disse:
- Seus seios são lindos!
- Eu acabo com você depois! Saia daqui agora e não deixe ninguém mais entrar!
Depois que Ciborgue saiu, Ravena olhou com fúria para Mutano que já foi respondendo:
- Não foi culpa minha! O Cib disse para eu leva-la para jantar e depois disso, soltar a fera que existe dentro de mim, acho que eu escolhi errado e...
- Cale a boca e me diga tudo o que aconteceu ontem depois que voltamos para casa!
- Eu já ia sair do quarto depois que te deixei, mas você pediu para eu ficar e eu fiquei...
E Mutano ficou imaginando a cena, ele a beijava e ficava pensando na música “Beija! Beija! Tá calor! Tá calor! Eu não quero só beijar, mas, também fazer amor!” não contou isso para ela, ela começou a dizer:
- Mutano, saia daqui agora!
- Não quer nem saber o que aconteceu depois?!
- Eu sei tudo o que aconteceu depois! Só preciso de um tempo sozinha, saia daqui agora!
- Ravena, eu posso explicar e...
- Não precisa explicar o que não aconteceu! Deixe-me sozinha, por favor!
Mutano recolheu as suas roupas do chão e saiu do quarto! Ravena continuou lá, pensando consigo mesma e se perguntando:
- Devo perdoá-lo ou não? Não sei! Minha cabeça não consegue compreender o que estou sentindo!
Do lado de fora, Mutano encontrou a Ciborgue e aos outros, balançou a cabeça e sentou-se próximo à TV, pegou o seu joystick e começou a jogar sozinho no PS2. Robin não comentou nada, mas ouviu um estrondo do lado de fora e disse:
- Titãs! Problemas!
- É, parece que não posso nem suportar os meus problemas! Eu não tô a fim de ir e para sua sorte eu o conselho a não perturbar a Ravena!
- Tudo bem! Ciborgue e Estelar vamos!
Assim que os três saíram, Mutano nem precisou ir ao quarto de Ravena para desculpar-se porque quando se virou, viu que Ravena já estava lá, preparando o seu chá-de-ervas, ela perguntou:
- Por que não foi com os outros?!
- Queria pedir desculpas por ontem e...
- Você não tem motivos pelos quais se desculpar, Mutano... Sou eu que devo pedir seu perdão...
- Por quê?!
- Não sei lidar com os meus sentimentos.
- Isso não é problema, teremos muito tempo para nos acostumarmos um com o outro, se você me der mais uma chance de...
Ravena estava com os olhos fechados quando começou a dizer:
- Você fez algo comigo durante a noite?!
- Não. Eu só fiz o que o Ciborgue havia sugerido...
- E o que ele sugeriu realmente?
- Algo como “Solte a fera que existe dentro de você”... E foi no que eu me tornei, não é mesmo?! Eu já havia dito antes...
“Ah Mutano! Como você é bobinho.”, mas ao invés de dizer isso, apenas chamou-o dizendo:
- Só quero dizer que adorei a sopa de cenoura com tofu.
- É mesmo?!
- Sim, e você deve cumprir com a sua promessa.
- Qual promessa?!
- Se submeter ao teste com o chá-de-ervas ao amanhecer...
Mutano sorriu e Ravena ficou com o seu rosto mais sereno, aquele seria apenas o começo de algo que prometia todos os anos de suas vidas. Tudo bem, sejamos mais realistas, com muitas discussões de relacionamento e ciúmes.